segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Sinhá Traficante

Tereza de Jesus Maria, sinhá e traficante na Bahia setecentista... entre 1745 (quando ficou viúva do traficante português Manoel Fernandes da Costa) até 1751 administrou os negócios da família: era a proprietária de dois navios que possuíam licença do rei de Portugal para participar do tráfico negreiro.

Em 6 anos em que foi a administradora, foram empreendidas 6 viagens de seus navios pelo trajeto Costa da Mina-Bahia, quase uma por ano.

Sob os auspícios da sinhazinha Teresa
de Jesus, nesses seis anos foram embarcados na Costa da Mina, na África 2488
pessoas negras, das quais, 307 morreram durante a travessia. Os sobreviventes
que desembarcaram abasteceram o mercado baiano de escravos. (datas das viagens
e números relativos aos embarcados e desembarcados: https://www.slavevoyages.org/voyage/database )

Das 339 pessoas que desembarcaram na Bahia em junho de 1746 (primeira travessia dos navios sob direção da sinhá-traficante), Tereza de Jesus levou em 7 de agosto três para serem batizados na Igreja da Conceição da Praia, todos adultos e da "Costa da Mina" (batismo no Family Search: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:9392-8L9T-P7?i=106&wc=M7ZB-R6D%3A369568701%2C370114901%2C370270101&cc=2177272 )

Em junho de 1751, na relação de empresas que poderiam realizar o comércio de escravos na rota Costa da Mina-Bahia, dos 23 traficantes, apenas Teodozio Rodrigues e Tereza de Jesus obtiveram a permissão para armar dois navios. Depois dessa data o nome de Tereza de Jesus deixa de constar nos documentos, que passam a citar Manoel Fernandes da Costa (o filho). Uma filha Luiza Tereza de Sant'Anna foi casada com João Lopes Fiúza de Barretto, cuja família também era traficante de escravos.


Outras fontes sobre Tereza de Jesus Maria:

Souza, Cândido Eugênio Domingues de S729 “Perseguidores da espécie humana”: capitães negreiros da Cidade da Bahia na primeira metade do século XVIII / Cândido Eugênio Domingues de Souza. – Salvador, 2011. https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11115/1/%e2%80%9cPerseguidores%20da%20esp%c3%a9cie%20humana%e2%80%9d%2c%20UFBA%202011.pdf

RIBEIRO, Alexandre Vieira. O tráfico atlântico de escravos e a praça mercantil de Salvador (c. 1678 – c. 1830) / Alexandre Vieira Ribeiro. Rio de Janeiro: UFRJ, PPGHIS, 2005.  http://objdig.ufrj.br/34/teses/656976.pdf